Boteco, carnaval e a economia da alegria
Por mais que o carnaval 2019 seja assunto distante – alguém aí já está pensando no de 2020? –, acho interessante reparar no impacto e na relação da festa com os bares e botecos, sobretudo no caso de São Paulo.
Paulistanos de meia idade, como eu, irão se lembrar: há dez anos ou mais, ou menos, o carnaval era um feriado no qual as famílias viajavam à praia, os chegados à festa dividiam-se entre Rio, Salvador, Ouro Preto, Olinda e São Luís do Paraitinga, para citar alguns exemplos de destinos momescos. Ficava na cidade aquele que queria sossego, isolamento, ou estava duro demais para encarar a estrada. Eram poucos os blocos de rua a desfilar, seja na semana pré-carnavalesca, seja nos quatro dias oficiais. Com isso, muitos bares e restaurantes aproveitavam para dar folga à brigada.
Eis que nos últimos anos – e falo dos de 2016, 2018 e 2019, os quais passei na cidade – São Paulo passou por uma transformação e tanto. Não vou fazer aqui uma avaliação da festa, apontar erros e acertos da gestão pública, do fechamento de ruas, da qualidade dos blocos. Mas o fato é que os 520 blocos de rua que desfilaram no período, incluindo os fins de semana anterior e posteior ajudaram a injetar na economia da cidade o montante de R$ 1,9 bilhão, de acordo com a Prefeitura.
Moradores ficaram por aqui, turistas desembarcaram e lotaram hoteis, restaurantes e… botecos, que faturaram muito quando, de uma maneira ou outra, envolveram-se com a festa.
A Cervejaria Ideal, por exemplo, teve um movimento 25% maior no dia em que foi ponto de concentraçao do bloco Achados em Perdizes.
Na Casa Verde, o bloco Azaração Casaverdense montou uma praça de alimentação com a presença de bares da região, entre os quais o Cariri, e de outros bairros, a exemplo da Academia da Gula. Também na ZN, o FrangÓ faturou 20% a mais durante os desfiles do bloco Urubó – que, aliás, é apoiado pelo bar. Nos fins de semana anteriores, em compensação, durante ensaios e desfiles de agremiações menos tradicionais, e com o Largo da Matriz fechado para o tráfego de veículos, a casa recebeu poucos clientes.
Mas um excelente exemplo de que vale a pena juntar carnaval e boteco é o da Casa Avós, brew pub localizado na Vila Ipojuca, que produz boas cervejas lagers artesanais. O bar-cervejaria lançou o Bloco da Véia, no dia 23 de fevereiro, e viu o caixa se multiplicar em nada menos que 400%!
Para mim, não há dúvida: vale a pena investir na exonomia da alegria.
Vai lá:
Casa Avós. Rua Croata, 679, Vila Ipojuca.
Cervejaria Ideal. Rua Ministro Ferreira Alves, 203, Perdizes.
FrangÓ. Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, 168, Freguesia do Ó.
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