Topo

Boteclando

Torresmo no drive-thru, no café da manhã e no bistrô

Miguel Icassatti

05/04/2019 23h07

Torresmo (ou barriga) do Le Jazz. Entre os bons na cidade / Foto: Miguel Icassatti

Foi minha amiga Christiane quem compartilhou num grupo de what'sapp, no início deste semana, o vídeo no qual um motorista, com aquele típico sotaque do oeste paranaense, narra e exibe uma das melhores invenções da história do Brasil: o drive-thru de torresmo.

Vamos rebobinar: cinco meses atrás e então desempregado, o cidadão londrinense Mario Aparecido lançou ao amigo Edson Francisco a ideia de fritar uns torresmos, acondicioná-los em saquinhos e vende-los a 10 reais cada um. Não em um bar, não em um restaurante, mas na calçada de uma das avenidas mais movimentadas da cidade. Para divulgar o negócio, a dupla montou ali um cavalete.

Durante esses cinco meses, até a sexta da semana passada, segundo uma reportagem do site Bonde, a dupla vendia 15 saquinhos por dia.

Eis que, depois que o vídeo passou a ser compartilhado nas redes sociais, o negócio bombou. Na sexta-feira e no sábado, 29 e 30 de março, a procura foi tão grande que o estoque ficou zerado. Só nesses dois dias, mais o domingo, Mario e Edson disseram ter vendido 800 quilos de torresmo.

Torresmo é daquelas coisas que mesmo sendo ruim é bom. Como o pudim. Não parece ser o caso, definitivamente, dessa iguaria londrinense. E está longe de ser o caso dos torresmos apontados neste post de junho de 2018 – sim, o assunto é e sempre será recorrente aqui no blog – bem como do torresmo, ou, melhor, do pão de torresmo produzido pela padaria Casca Grossa, em Campinas.

Nessa muito boa padaria artesanal, o pão de torresmo não é feito todos os dias. De fermentação natural, o pão tem a casca crocante, o miolo macio e bem aerado, com pedaços de torresmo (eu poderia comer isso todos os dias pela manhã).

Para além dos torresmos paulistanos citados no link acima, é legal lembrar também do torresmo do bistrô Le Jazz, em Pinheiros. Com as pontas bem crocantes e o meio mais macio, para não dizer elástico, é uma das pedidas à qual não se deve ignorar ali.

Torresmo é vida, do café da manhã ao jantar.

Vai lá:

Casca Grossa Padaria Artesanal. Rua Barreto Leme, 2384, Cambuí, Campinas.

Edinho Assados (Drive-thru de torresmo). Avenida Duque de Caxias, 2564, Leondor, Londrina, Paraná.

Le Jazz. Rua dos Pinheiros, 254, Pinheiros, São Paulo.

 

 

Sobre o autor

Miguel Icassatti é jornalista e curador da Sociedade Paulista de Cultura de Boteco. Foi crítico de bares das revistas “Playboy” (1998-2000) e “Veja São Paulo” (2000), editor-assistente e um dos fundadores do “Paladar/jornal O Estado de S. Paulo” (2004 a 2007), editor dos guias “Veja Comer & Beber” em 18 regiões brasileiras (2007 a 2010), editor-chefe do Projeto Abril na Copa (Placar) e da revista “Men’s Health Brasil” (2011 a 2014). É colunista de “Cultura de Boteco” da rádio BandNews FM e correspondente no Brasil da “Revista de Vinhos” (Portugal).

Sobre o blog

Os petiscos, as bebidas, os balcões encardidos, as pessoas e tudo que envolve a cultura de boteco e outras histórias de bar.