Maria del Pilar, Verônica, Carmen e o balcão

Carmen La Loca, na Chácara Santo Antônio / Foto: Miguel Icassatti
Maria del Pilar, Carmen e Verônica pertencem a uma mesma família. Muito parecidas entre si, evidentemente, têm origem espanhola e residem na zona sul de São Paulo.
A mais velha das três irmãs, Maripili, como Maria del Pilar é conhecida, vive em uma casa de esquina na Chácara Santo Antônio, bairro cada vez mais verticalizado que, na minha infância passada na região central da cidade, era "aquela lonjura lá pros lados de Santo Amaro, perto da casa do primo Zeca". Alguns anos atrás, ela ganhou como vizinha de parede a Carmen, chamada, sabe-se lá por quê, de "a louca". Esperta, mesmo, e que não ganhou nenhuma alcunha foi a Veronica, que se bandeou lá para o bairro de Moema – invejosos dirão que ela, espaçosa, tratou de ocupar a casinha ao lado naquela baixada que é, na verdade, a Vila Uberabinha, não tem nada de Moema.
Embora tenham uma marcante alma ibérica, Maripili, Veronica e Carmen não são de carne e osso.

Bodega La Ardosa, em Madri / Foto: Miguel Icassatti
Pois é, estamos falando de três bares, ou três restaurantes, ou três bares-restaurantes. Pouco importa, são três, quatro, na verdade – e já vamos entender o porquê – lugares para comer receitas de acento espanhol e beber vinho, pagando um preço justo pela experiência.
Inaugurado em 2009, o Maripili surgiu como um bar de tapas à moda espanhola, ou seja, que prepara receitas para ser compartilhadas, que podem ser consumidas com as mãos, em porções pequenas. Para beber, a casa se valeu desde então do fato de o restaurateur Dario Taibo, um dos sócios dessa e das futuras casas, ter sido um dos idealizadores do clube de vinhos Sociedade da Mesa. Com isso, conseguiu (e ainda consegue, como as demais) vender vinhos a preços muito convidativos, similares aos cobrados pelas importadoras da bebida, muitos a menos de 100 reais a garrafa.
Para um enófilo, comilão e devoto da Península Ibérica, como eu, não poderia haver combinação melhor. A tortilla de batata com ovos e cebola, servida em fatia alta (R$ 9,00), não deve nada à que comi nas duas vezes em que estive na Bodega La Ardosa, uma pérola madrilenha fundada no século 19, que descobri meio sem querer em 2015 e à qual voltei em fevereiro passado, durante uma conexão aérea de breves mas muito bem aproveitadas duas horas. O tempo, sabemos, é o que nos faz ricos.

Taberna Del Museo / Foto: Miguel Icassatti
Há também no Maripili chistorras (linguiça apimentada, R$ 29,00 ), croqueta de rabo de toro (croquete de rabada, R$ 22 a porção), pan con tomate (R$ 11,00) e tantas outras receitas típicas dos maravilhosos bares de tapas que fazem a fama por toda Espanha: em Triana (que não é Sevilha, entendedores entenderão), no bairro Gótico de Barcelona, em Chueca, Madri, ou nos arredores da catedral no centro histórico de Santiago de Compostela.
Esse cardápio, com poucas variações, também é encontrado no Carmen La Loca (aberto em 2017), no Museo Veronica (de 2013) e na Taberna del Museo, anexo inaugurado em 2018, a menor das casas, de salão estreito, sem mesas, mas com um convidativo balcão. Acaba por funcionar como um gostoso bar de espera para o endereço vizinho, em que pode-se beber um descompromissado rosé da Rioja (Navaldar, R$ 67,00 a garrafa) e comer um bocado de calamares (R$ 14,00) ou um pratinho de orelha de porco al ajillo (R$ 20,00).
Mas com tão boas companhias, quem irá se importar em passar a noite papeando ao balcão?
Vai lá:
Maripili. Rua Alexandre Dumas, 1152, Chácara Santo Antônio
Carmen La Loca. Rua Alexandre Dumas, 1162, Chácara Santo Antônio
Museo Veronica. Rua Tuim, 370, Moema.
Taberna do Museo. Rua Tuim, 370-A, Moema.
Bodega La Ardosa. Calle de Colón, 13, Madri.
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