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Boteclando

10 botecos em SP para ir antes ou depois do bloquinho – e vice-versa

Miguel Icassatti

01/03/2019 16h10

Grito de carnaval do Pirajá: tradicional ponto de encontro momesco em Pinheiros / Foto: divulgação

Olinda, Bariri, Recife, Ouro Preto, baile no Juventus, Sabará, Praia Grande, Rio de Janeiro (Marquês de Sapucaí, camarote, Bola Preta, Simpatia, Concentra mas não sai), Divinópolis, domingueira na Lusa, Salvador e São Luís (na semana pré-carnavalesca), dos melhores ao piores do país, já vivi e espero ainda brincar muitos outros carnavais.

Nos três últimos anos, um mix composto por fatores como 1. avanço irrefreával da meia-idade; 2. orçamento familiar (as despesas momescas multiplicaram-se por quatro quando comparadas aos tempos de Olinda); 3. oferta cada vez maior e melhor de de bloquinhos e blocões paulistanos tem me feito optar por passar o carnaval em São Paulo.

Prefiro os bloquinhos, cada vez mais impossíveis, dado o gigantismo quase automático que toma conta de quase tudo em São Paulo. Se no ano passado aquele trocinho reuniu 300 felizes gatos pingados atrás do trio, digo, da kombi elétrica pelas ruas da Vila Ipojuca, esquece, este ano corre o risco de juntar 30.000. Assim é São Paulo, a gente vai se adaptando.

De hoje a terça, e contando o fim de semana passado mais o pós-carnaval nos dias 9 e 10 de março, a cidade terá 570 blocos a ocupar as ruas. Um quarto elemento que considero durante a montagem do meu roteiro de folião é a proximidade do cortejo a bons botecos, a fim de ter uma boa base para o antes ou o depois da brincadeira. É a razão pela qual compartilho aqui no blog uma lista com 10 botecos para ir antes ou depois do bloquinho (ou vice-versa).

Sábado, 2 de março:

1. FrangÓ: trate de chegar cedo para o bloco das crianças e garanta um lugar em uma das mesinhas na calçada (e até mesmo as do salão térreo). Vale por um camarote, para acompanhar o Urubozinho (às 9h) e o Urubó (a partir do meio-dia), refrescando-se com a  cerveja da casa, recém-lançada, uma American Lager que custa 19 reais a garrafa

2. Tiquim: o bom bolovo deste boteco de esquina rodeado por ladeiras fornece calorias extras para aguentar bem o Siga la Pelota, que vai tocar música brasileira, de tudo um pouco, a partir das 2 da tarde, na Rua Aimberê, 173.

Domingo, 3 de março:

3. O Sobrado: melhor é impossível. O bloco Achados em Perdizes se concentra na porta do bar, às 10h. Boa oferta de cervejas e petiscos como a porção de pururuca.

4. Famoso Bar do Justo: é inevitável ligar o nome à pessoa, mas não se engane. O Bloco do Justo, que se concentra ao meio-dia na mesma rua não tem nada a ver com o Famoso Bar do Justo, um clássico da ZN. Na dúvida, vá para o bar e peça uma das fartas porções da casa, como a de pernil desfiado.

Segunda, 4 de março:

5. Conceição Discos & Comes: o bar da chef Talitha Barros é ponto de concentração e pós-dispersão a quem vai à Espetacular Charanga do França, às 9h. Ela prepara deliciosos arrozes e um pão de queijo recheado com ovo frito e pernil que é simplesmente excelente.

6. Pirajá: não é de hoje que o bar é um bom ponto de encontro a quem gosta de carnaval. Recebe blocos no salão e uma multidão no lado de fora – um deles é o Não Serve Mestre, que se reúne às 11 hora da segunda-feira. O chope é impecável e a casa está a uma distância segura da inviável Vila Madalena destes dias.

Terça, 5 de março:

7. Requinte Requinte Vinho Bar: basta um combo formado por dois bolinhos de bacalhau e uma cerveja para quem terá acordado cedo demais e não tiver tomado um bom café da manhã antes do Cerca Frango, que sai às 9 horas da Rua Aimberê, alguns quarteirões adiante.

8. Jabuti: o ótimo bolinho de bacalhau, a sardinha escabeche e o chope pode ser o abre-alas do último dia de carnaval, já que o bloco Carnajazz se concentra à 1 da tarde na esquina das ruas Pelotas e Amâncio de Carvalho, na Vila Mariana, a poucos quarteirões do bar.

9. Bar do Biu: Não é preciso mais do que um baião-de-dois turbinado para alcançar a força suficiente para seguir os diversos blocos que se reúnem naquele miolo da região de Pinheiros, entre os quais o Bastardo, que desfila todos os dias, desde sábado até terça, às 2 da tarde, na Rua João Moura, a meio quarteirão do boteco.

Sábado, 9 de março

10. Candinho's Bar: esse botecão funciona ao lado da sede do bloco Azaração Casaverdense, que via para o segundo carnaval de sua história. Este ano, o cantor Reinaldinho (ex-Terra Samba), vem de Salvador para animar os 5.000 foliões esperados no sábado pós-carnaval, a partir do meio-dia. Em tempo, e breve pausa para o merchan: a Academia da Gula e o Boteco do Carmo são alguns dos integrantes da Sociedade Paulista de Cultura de Boteco que estarão vendendo seus petiscos durante o desfile do bloco, que se concentra na Praça. Abadás à venda no Candinho's Bar.

Bloco Azaração Casaverdense: desfile em 9 de março, esquenta no Candinho's Bar / Foto: divulgação

Vai lá:

Frangó. Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, 168, Freguesia do Ó.

Tiquim. Rua Cayowaá, 1301, Sumaré.

O Sobrado. Rua Caraíbas, 79, Vila Pompeia.

Famoso Bar do Justo. Rua Alferes Magalhães, 25/29, Santana.

Conceição Discos. Rua Imaculada Conceição, 151, Santa Cecíia.

Pirajá. Avenida Brigadeiro Faria Lima, 64, Pinheiros.

Requinte Vinho Bar. Avenida Alfonso Bovero, 560, Sumaré.

Jabuti. Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1315, Vila Mariana.

Bar do Biu. Rua Cardeal Arcoverde, 772, Pinheiros.

Candinho's. Rua Zara, 89, Casa Verde.

Sobre o autor

Miguel Icassatti é jornalista e curador da Sociedade Paulista de Cultura de Boteco. Foi crítico de bares das revistas “Playboy” (1998-2000) e “Veja São Paulo” (2000), editor-assistente e um dos fundadores do “Paladar/jornal O Estado de S. Paulo” (2004 a 2007), editor dos guias “Veja Comer & Beber” em 18 regiões brasileiras (2007 a 2010), editor-chefe do Projeto Abril na Copa (Placar) e da revista “Men’s Health Brasil” (2011 a 2014). É colunista de “Cultura de Boteco” da rádio BandNews FM e correspondente no Brasil da “Revista de Vinhos” (Portugal).

Sobre o blog

Os petiscos, as bebidas, os balcões encardidos, as pessoas e tudo que envolve a cultura de boteco e outras histórias de bar.