Arroz, feijão e macarrão

Estrela da Vila Ipojuca: comercial a R$ 15,00 / Foto: Miguel Icassatti
Há quem diga que a humanidade seja dividida entre os indivíduos que colocam, no prato, o arroz por baixo do feijão e os que dispõem o feijão por baixo do arroz. Os adeptos desse fla-flu gastronômico esquecem-se que existem também os isentões, ou seja, aqueles que posicionam arroz e feijão lado a lado no prato.
Mas o meu almoço de ontem me reapresentou a um quarto grupo, que é aquele composto por pessoas que, ao lado do arroz e do feijão (e não importa a disposição entre um e outro), encontram espaço para encaixar no prato, e posteriormente na barriga, uma generosa porção de macarrão.
Muitos botecos e restaurantes populares Brasil adentro servem a trinca – conforme bem lembrou em junho passado meu amigo Marcos Nogueira, autor do blog Cozinha Bruta, da Folha de S. Paulo, no texto "Arroz, feijão e macarrão: sim, não, talvez ou nem a pau?".
O Bar e Restaurante Estrela da Vila Ipojuca é um deles. Foi o que percebi quando pedi um comercial de costela (R$ 15,00), cuja descrição no cardápio mencionava apenas arroz, feijão, costela e salada. Surpresa!, veio o bônus do punhado do espaguete à bolonhesa. E, na sequência, um bem recheado pastel de carne frito na hora, que havia pedido como entrada (R$ 6,00).
Decerto, foi por causa das minhas raízes mineiras por parte de mãe que o breve incômodo que senti ao ver a mistura foi substituído por uma acalentadora nostalgia. Em minha casa, sempre havia panelas de arroz e de feijão sobre o fogão. O almoço de domingo, solene com a presença de alguma visita, era dia de macarronada. Mas se um tio quisesse se confortar com o arroz e o feijão da minha avó, que era da dona cozinha, não faríamos desfeita.

Comercial de costela: o macarrão veio de bônus / Foto: Miguel Icassatti
Talvez esse breve relato doméstico exemplifique um ritual repetido na casa de muitas famílias de origem simples, que por sua vez estabeleceu nos botecos a presença do trio.
Pode ser também que a combinação, carregada no carboidrato, seja uma necessidade nutricional dos trabalhadores braçais, que compõem fatia importante da freguesia desses estabelecimentos.
Confesso que prefiro apenas a dupla feijão com arroz no almoço e talvez uma sopa de macarrão com (pouco) feijão ao jantar.
Mas, se reconheço o valor de um bolinho de feijoada, quem sou eu para recusar de um prato de arroz, feijão e macarrão?
Vai lá:
Estrela da Vila Ipojuca. Rua Tonelero, 1091, Vila Ipojuca.
(Em tempo: sou dos que colocam feijão por cima do arroz.)
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