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Boteclando

2019: uma retrospectiva boêmia

Miguel Icassatti

19/12/2019 20h40

Negroni com tangerina, da Osteria Del Rosso / Foto: divulgação

O ano de 2019 não terminou, é bem verdade, mas a gente já começa a desacelerar. É tempo de confraternizações, festas da firrrma, amigo-secreto, reflexões e balanços. Razões pelas quais, assim como no finzinho de 2018, fazemos a seguir uma breve retrospectiva boêmia.

1.Gim

Na coquetelaria, para começar, o Gim manteve-se como o destilado, por assim dizer, da moda, seguindo uma tendência observada nos últimos anos. É base para o gim tônica, drinque dos mais consumidos nos dias quentes nos bares e botecos paulistanos – como o Periquita & Gin Club, e do Negroni, objeto do tópico seguinte

2.Negroni

A clássica mistura, em partes iguais de gim, vermute tinto e Campari – e tem gente que consegue errar no preparo… – ganhou versões turbinadas em muitos bares. Alguns deles criaram versões elaboradas com vermute feito na casa, ou também lançaram mão de infusões com ingredientes como café e até folha de tabaco. Bom exemplo é o da Osteria Del Rosso, no Tatuapé, que mantém barris com três opções diferentes de Negroni – como a de tangerina e a da sálvia com lavanda – , sem contar a clássica, é claro.

3.Moscow Mule

No rebote da Copa do Mundo da Rússia de 2018 – ufa, não teve 7 a 1! – e só para contrariar –, o Moscow Mule garantiu seu espaço na preferência do público consumidor de coquetéis. É feito com vodca, suco de limão, água com gás, hortelã, xarope de gengibre e gelo, e servido em uma caneca de cobre.

Rabo de galo / Foto: Miguel Icassatti

4.Rabo de Galo

Por iniciativa do Mestre Derivan, um dos decanos da coquetelaria brasileira, pelo terceiro ano consecutivo ocorreu o Concurso Nacional de Rabo de Galo, competição que reuniu 44 barmen e barwomen e suas criativas versões para o célebre e popular coquetel genuinamente paulistano. O vencedor deste ano foi o Cassio, do Balaio IMS, cuja receita levou:

60 ml de cachaça envelhecida em bálsamo e carvalho

13 ml de vermute com nibs de cacau e casca de laranja baía

15 ml de licor de baunilha com cumaru

10 ml de amaro

Cervejaria Avós, na Vila Ipojuca: já existem mais de 1.000 cervejarias no país / Foto: Miguel Icassatti

5. A milésima cervejaria

Em junho, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) concedeu o registro à Cervejaria Artesanal Mascarenhas. Com capacidade de produção de 3.000 litros por mês, a empresa localizada em Lauro de Freitas (BA) é a milésima cervejaria brasileira. De lá para cá, este número certamente aumentou, visto que, naquele primeiro semestre, o ministério recebia dois pedidos de registro a cada três dias

6.Adeus, canudinho

Bares, restaurantes, hotéis, padarias e as boas casas do ramo tiveram de usar a criatividade para substituir os canudinhos de plástico a partir de 25 de junho, quando foi proibido o uso de canudinhos de plástico na cidade de São Paulo. Desde então, quem quiser bebericar seu Aperol ou sua caipirinha tem de apelar para canudinhos biodegradáveis, para os metálicos, os de vidro, os de papel ou, até mesmo, para cilindros de macarrão.

7.Torresmo de rolo

Deu na TV, no rádio e até no New York Times, quem sabe? O fato é que o Boteco Zé do Brejo, em São Caetano do Sul, ganhou uma fama danada graças à invenção do torresmo de rolo. O sucesso do petisco pode ser creditado ao compartilhamento em grupos de What's App. A receita, evidentemente, foi copiada por outros botecos. Mas na casa do ABC os números impressionantes. Antes de viralizar, o bar vendia de 40 a 60 quilos de torresmo por semana. Em junho, quando tornou-se celebridade, o boteco passou a comercializar 300 quilos – por dia.

8.O Bar do Alemão fica

Por fim, uma boa notícia: ameaçado de fechar as portas, o grande Bar do Alemão, na Avenida Antártica, vai seguir aberto. Aberto em 1968, esse reduto do samba, do choro e da MPB quase encerrou as atividades em novembro passado. Mas foi comprado – do músico Eduardo Gudin, que por sua vez havia adquirido o bar em 2003 – pelo advogado Clovis Fenelon Machado, antigo frequentador da casa. São Paulo lhe agradece, doutor.

 

Vai lá:

Balaio IMS. Avenida Paulista, 2424, Consolação.

Bar do Alemão. Avenida Antártica, 554, Água Branca.

Osteria Del Rosso. Rua Itapura, 1128, Tatuapé.

Periquita & Gin Club. Rua Vitório Fasano, 35, Jardins.

 

Sobre o autor

Miguel Icassatti é jornalista e curador da Sociedade Paulista de Cultura de Boteco. Foi crítico de bares das revistas “Playboy” (1998-2000) e “Veja São Paulo” (2000), editor-assistente e um dos fundadores do “Paladar/jornal O Estado de S. Paulo” (2004 a 2007), editor dos guias “Veja Comer & Beber” em 18 regiões brasileiras (2007 a 2010), editor-chefe do Projeto Abril na Copa (Placar) e da revista “Men’s Health Brasil” (2011 a 2014). É colunista de “Cultura de Boteco” da rádio BandNews FM e correspondente no Brasil da “Revista de Vinhos” (Portugal).

Sobre o blog

Os petiscos, as bebidas, os balcões encardidos, as pessoas e tudo que envolve a cultura de boteco e outras histórias de bar.