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Boteclando

100 anos da lei seca – e o dia em que fui ao bar predileto de Al Capone

Miguel Icassatti

17/01/2020 12h56

Green Mill, bar preferido de Al Capone, em Chicago / Foto: Miguel Icassatti

Há exatos 100 anos, no dia 17 de janeiro de 1920, entrou em vigor a Lei Seca nos Estados Unidos. Conhecida como "The Prohibition", ela vetou a produção e a comercialização de bebidas alcoólicas naquele país. Perdurou até 1933 e, segundo ótima reportagem de hoje na Folha de S. Paulo, alguns condados ainda a mantêm em vigência.

Bom, o que aconteceu durante a Lei Seca? Claro, criou-se uma rede de criminalidade, com destilarias, alambiques, bares e depósitos clandestinos, que deram muito dinheiro aos fora-da-lei, os gângsters, entre os quais o mais famoso foi sem dúvida Al Capone.

(Quem quiser ter uma ideia do que foi o período, numa interpretação evidentemente romanceada da história por parte do diretor Brian de Palma, pode assistir a "Os Intocáveis", filmaço de 1987 com Kevin Costner, Sean Connery, Andy Garcia e Robert De Niro, este como Capone).

Por falar em Al Capone, no dia 30 de novembro de 2011 eu estive no Green Mill, em Chicago, tido como o bar preferido de Al Capone.

É um bar em que músicos de jazz e blues apresentam-se ao vivo, nos fundos da casa, aonde chega-se através de um corredor, com um extenso balcão recurvo do lado esquerdo. Perto do palco há uma área com sofás.

Era ali, num desses sofás, que Al Capone e seu bando costumavam se acomodar, de onde podiam ter visão desimpedida dos acessos da casa.

Balcão do Green Mill, em Chicago / Foto: Miguel Icassatti, 30.11.2011

Lembro-me de ter ficado ao balcão – conforme pode-se ver em uma das fotos pessimamente tiradas com meu celular de então –, onde bebi uma cerveja e um Bloody Mary. Já era perto da meia-noite de uma quarta-feira, e fazia um frio danado, por isso, talvez, o bar não estivesse tão cheio.

Mas gostei muito de ter estado naquele salão noir, naquela noite, em companhia de Camila e de Maria Cecília, ainda na barriga da mãe.

Al Capone entendia do assunto, sabia o que era um bom bar.

Vai lá:

Green Mill. 4802. North Broadway, Chicago.

 

Sobre o autor

Miguel Icassatti é jornalista e curador da Sociedade Paulista de Cultura de Boteco. Foi crítico de bares das revistas “Playboy” (1998-2000) e “Veja São Paulo” (2000), editor-assistente e um dos fundadores do “Paladar/jornal O Estado de S. Paulo” (2004 a 2007), editor dos guias “Veja Comer & Beber” em 18 regiões brasileiras (2007 a 2010), editor-chefe do Projeto Abril na Copa (Placar) e da revista “Men’s Health Brasil” (2011 a 2014). É colunista de “Cultura de Boteco” da rádio BandNews FM e correspondente no Brasil da “Revista de Vinhos” (Portugal).

Sobre o blog

Os petiscos, as bebidas, os balcões encardidos, as pessoas e tudo que envolve a cultura de boteco e outras histórias de bar.