São Paulo, 466; Padaria Santa Tereza, 148 anos
Na edição de terça-feira, 22 de janeiro de 1872, o jornal "Correio Paulistano" trazia, na página 2, a informação de que "Na Noute de 24 do corrente, e não de 25 como se propalou é que dar-se-ha a iluminação no jardim publico, por meio de bicos de gaz e luz electrica".
Nesse mesmo ano, a cidade de São Paulo era habitada por algo entre 19.000 pessoas, de acordo com o Banco de Dados da Folha de S. Paulo, e 30.000 pessoas, segundo informação da Prefeitura de S. Paulo. A primeira linha de bonde – com tração animal, diga-se – surgiu, com um trajeto que ligava a Estação da Luz ao Largo do Carmo.
Pois em 1872 foi inaugurada também a Padaria Santa Tereza, certamente o estabelecimento gastronômico mais antigo em atividade na cidade de São Paulo.
A dois dias do 466º aniversário de São Paulo, acomodei-me pela hora do almoço no balcão desse endereço que, ao longo de quase um século e meio de história, coleciona alguns símbolos da gastronomia paulistana, ainda que essas receitas não sejam, vá lá, criações da casa.
Por exemplo, a enorme coxa-creme, que uma vizinha ao balcão comia com muito gosto (R$ 8,40); a centenária canja de galinha (R$ 25,90) e o shap, um sanduíche feito no pão francês – assado na casa, um privilégio – com queijo estepe, tomate, cebola, azeitona e rosbife também feito ali (R$ 22,20). Por má sorte, o rosbife estava sendo assado no exato momento em que eu cheguei à padoca, razão pela qual optei, por sugestão da garçonete, ao sanduíche de pernil (R$ 12,80), precedido por um bolinho de bacalhau (R$ 7,40) que, da estufa, chamou minha atenção. Para acompanhar ambos, senti falta de uma boa pimenta da casa.
Bem temperado, o pernil é assado diariamente e preenche o sanduíche numa quantidade amigável à embocadura, aquém, portanto, à do Estadão (em tempo: isto não é uma reclamação).
Vacilei na hora de pedir a bebida pois não vi que havia chope (R$ 9,20) no cardápio, muito menos chopeira no balcão. Pudera. A distinta está instalada no bonito salão do piso superior, que funciona como restaurante.
É um espaço, pelo que pude perceber, frequentado por gente da área jurídica, já que o Fórum Dr. João Mendes fica do outro lado da rua. Possui pé-direito alto, arcadas e janelões com vista para a praça e os fundos da Catedral da Sé.
Antes de sair, aproveitei para comprar um pão português (R$ 9,70 a unidade). Uma noite no freezer, uns minutinhos no forno e o café da manhã desta sexta-feira estará garantido.
Vai lá:
Padaria Santa Tereza. Praça João Mendes, 150, Sé.
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