Futurologia: 13 novidades que veremos quando voltarmos a beber no boteco
A esta altura do campeonato, digo, da quarentena ainda é impossível cravar a data em que voltaremos a pisar no boteco, no pub, na padoca e chamar uma gelada, conforme tantas vezes fiz no balcão do Bar do Luiz Fernandes, no Bar do Magrão ou no Bar do Vito, entre os outros botecaços apresentados na série Comendo pelas Beiradas, aqui do NOSSA.
Ao menos em São Paulo, esse pequeno prazer deve demorar um bocado, afinal, somos incapazes de cumprir as regras de isolamento social para impedir o contágio do COVID-19 – o governo do estado informou, ontem, que a média está em 48%, muito aquém da meta de 70%, que seria a base para afrouxar as restrições de funcionamento do comércio e do setor de serviços.
A boa notícia, ao menos para os boêmios do Velho Mundo, é que alguns países já estão anunciando planos de retomada, que preveem a reabertura de bares e restaurantes nas próximas semanas. Os alemães, por exemplo, montaram um plano em três fases. Os estados da Baixa Saxônia, Boden Wurttemberg e Nordrhein-Westphalen, que recebem muitos turistas no verão, prevê que bares, restaurantes e biergartens reabram já em 11 de maio, com capacidade limitada.
Portugal publicou hoje um "plano de desconfinamento", segundo o qual bares, restaurantes e "pastelarias" (os cafés, casas de doces) reabrirão em 18 de maio, com limite de atendimento a 50% da capacidade. Em Hong Kong, bares estão funcionando, também a meia-capacidade, e com mesas para não mais do que quatro pessoas.
No Reino Unido, de acordo com a edição de ontem do The Times, o primeiro-ministro Boris Johnson deve anunciar nos próximos dias um plano em que estuda limitar o consumo de três drinques nos pubs, com regras de distanciamento social. Também ontem, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou um plano de retomada para o país, escalonado em quatro fases, em que cada uma delas terá a duração de duas semanas. Bares e restaurantes devem reabrir em 26 de maio, para serviço de mesa, com limitação de lotação.
Aqui no Brasil, na terça-feira, 27 de abril, a Abrasel (Associação de Brasileira de Bares e Restaurantes) publicou a cartilha "Como retomar as atividades – recomendações e cuidados para uma reabertura de bares e restaurantes diante da crise", com orientações tanto para os gestores dos estabelecimentos quanto para o público, ou seja, nós. O acesso a esse documento pode ser feito aqui.
Com base no cenário de hoje, e invocando a bênção de Willian Hanna e Joseph Barbera, que em 1962 imaginaram um século 21 à la The Jetsons – que, aliás, foi a primeira série de TV a ser transmitida em cores, pela ABC, nos Estados Unidos – o blog arrisca aqui um exercício de futurologia, com as novidades que veremos nos bares mundo afora daqui a pouco quando, Deus queira, tudo volte ao normal. Ou não.
- Junto com os engradados de cerveja, os caminhões de bebidas descarregarão engradados de álcool gel.
- Em cima da mesa, o frasco de álcool gel dividirá espaço com o paliteiro, os guardanapos e o galheteiro.
- Banheiros passarão a ter acesso individual. Numa parede do salão, um painel luminoso avisará quando estiver livre (luz verde) ou ocupado (luz vermelha), assim como ocorre nos aviões.
- Será o fim dos cardápios impressos: vamos receber o menu pelo what's app ou por meio de QR code. O pedido vai direto para a cozinha. O garçom vira um tira-dúvidas e, claro, traz o pedido à mesa.
- Garçom, cozinheiro, caixa: todo mundo vai passar a usar aquelas máscaras plásticas com visor.
- Os pagamentos, por sua vez, serão cada vez mais digitais, por aplicativo ou QR Code.
- Saem as perguntas "com ou sem colarinho?" e "com gelo e limão?" e entra a nova: "máscara acompanha?".
- As mesas da calçada, aliás, e as das áreas ao ar livre serão ainda mais disputadas pela freguesia.
- O balcão, esse lugar sagrado de conversa e reflexão, ficará parecido com a área de caixas das agências bancárias. Estaremos separados do barman e dos vizinhos por placas de vidro ou de acrílico. Do lado de lá do balcão, o barman nos passará a bebida por um buraco ou uma boqueta semelhante àquela pela qual a cozinha solta os pedidos.
- É o fim da mania brasileira de fazer um puxadinho nas mesas; e nunca mais teremos amigo secreto ou comemorações com muita gente no bar – ou as mesas passarão a ser divididas por placas de vidro ou acrílico, conforme vimos naquele meme que circulou semanas atrás. Pelos menos os contatos por baixo da mesa poderão ser mantidos…
- As mesas ficarão mais distantes umas das outras – distância, aliás, prevista em lei: 2 metros uma da outra, com cadeiras distantes 1 metro umas das outras. Bistrôs parisienses é que sofrerão.
- Teremos cronômetro na mesa, que vai marcar o tempo regulamentar em que poderemos ficar no bar antes de darmos nosso lugar ao próximo freguês. O que nos obrigará a adotar uma bem-vinda mudança de hábitos…
- … Frequentaremos mais de um bar por noite – enfim, uma boa novidade.
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