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Boteclando

O Amigo Leal à casa torna

Miguel Icassatti

28/02/2020 19h19

Amigo Leal: clássico reaberto / Fotos: Miguel Icassatti

Em julho de 2019, compartilhei a triste notícia da morte do Amigo Leal, um dos botecos mais emblemáticos da cidade de São Paulo, descendente direto do Bar Léo. O texto pode ser lido aqui.

Mas é tempo de quaresma e Gobbo, o anjo protetor dos boêmios, parece ter operado o milagre da ressurreição do Amigo Leal.

Ou, ao menos, ter iniciado esse processo que, tudo indica, será longo, graças ao estrago feito pelo último dono do ponto, que tentou transformar o bar em uma casa de espetinhos e desfigurou quase que por completo todo o ambiente, da fachada ao mezanino, passando pelo salão.

Estive lá ontem à noite e vi que há muito trabalho a ser feito para recuperar a aura de antigamente.

Pssteis da Teresinha: 28 reais a porção com 10 unidades

O recomeço está sendo digno: o atual proprietário, Aluísio Canholi, recrutou de volta parte da antiga e fiel brigada, entre os quais a cozinheira Teresinha e os diligentes garçons Pereira e Adalberto.

Teresinha, aliás, já não faz mais aqueles deliciosos pasteis do tamanho da palma da mão. Agora, ela monta a porção de pasteizinhos a 28 reais, de carne e de queijo, além dos clássicos canapé Blumenau (de linguiça moída crua, 34 reais) e rococó (pasta de gorgonzola com copa, 34 reais), entre outras receitas de tradição alemã.

O chope, que agora servido em copo tipo caldeireta (9 reais), pode melhorar, é verdade. A espuma deveria ser mais cremosa, mas o líquido segue saboroso, levemente amargo.

Amigo Leal: que volte para ficar

O afresco que mostra um macaco com camisa listrada a tirar um chope de um barril – o original vestia uma camisa do São Paulo Futebol Clube, conta o Pereira – foi danificado mas deve passar por uma restauração.

A fachada e o mobiliário também pedem recuperação, tomara que venha em breve.

Que voltem os fregueses antigos, que venham novos clientes.

O Amigo Leal, por ora, funciona nas noites de quinta e sexta-feira. Nascer de novo não deve ser algo fácil.

Vai lá:

Amigo Legal. Rua Amaral Gurgel, 165, República.

Sobre o autor

Miguel Icassatti é jornalista e curador da Sociedade Paulista de Cultura de Boteco. Foi crítico de bares das revistas “Playboy” (1998-2000) e “Veja São Paulo” (2000), editor-assistente e um dos fundadores do “Paladar/jornal O Estado de S. Paulo” (2004 a 2007), editor dos guias “Veja Comer & Beber” em 18 regiões brasileiras (2007 a 2010), editor-chefe do Projeto Abril na Copa (Placar) e da revista “Men’s Health Brasil” (2011 a 2014). É colunista de “Cultura de Boteco” da rádio BandNews FM e correspondente no Brasil da “Revista de Vinhos” (Portugal).

Sobre o blog

Os petiscos, as bebidas, os balcões encardidos, as pessoas e tudo que envolve a cultura de boteco e outras histórias de bar.