A ciência (ou a arte) de transformar uísque em álcool gel
Passados 2020 anos, a ciência ainda não conseguiu explicar como é que se deu a milagrosa transformação da água em vinho. Mas quando o assunto versa sobre os benefícios do álcool, de uma forma ou de outra, os cientistas vêm trabalhando – e bem.
Sabe-se, por exemplo, que o gim foi inventado nos laboratórios da Universidade de Leiden, na Holanda, no século XVII, pelo médico e professor alemão Franciscus Sylvius de la Boe. Destilado a partir do zimbro e, posteriormente, de outros botânicos, o gim passou a ser receitado na época para o tratamento de dores de estômago.
Mais adiante a eficácia desse receituário foi contestada mas, convenhamos, o mundo perderia boa parte de sua graça sem o Dry Martini, o Negroni, o Gim Tônica e o Caju Amigo, apenas para ficarmos em quatro drinques que têm como base o gim.
No século XIX, por sua vez, o químico francês Louis Pasteur fez uma das maiores descobertas da história da humanidade a partir de pesquisas com vinho e cerveja. No livro Études sur la Bière (Estudos sobre a Cerveja), de 1876, Pasteur provou que a ação de bactérias era responsável por estragar a cerveja. Propôs, então, uma solução para o problema: o processo que hoje conhecemos como pasteurização e que revolucionou a produção e a conservação de muitos alimentos, dos derivados do leite à… cerveja, é claro.
Conforme publicamos aqui no blog – e devidamente abalizados pela ciência –, o hábito de beber sem exageros pode fazer bem à saúde (leia o texto "Afinal, o que é 'beba com moderação'?").
E vem lá do interior do Rio Grande do Sul mais um recentíssimo e singelo exemplo da boa relação entre a ciência e o álcool, com resultados práticos incontestáveis.
Na quinta-feira passada, 29 de maio, representantes da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), em Bagé, doaram a duas entidades filantrópicas locais 160 litros de álcool glicerinado 70% e 77% produzidos a partir da destilação de bebidas apreendidas pela Receita Federal. É isto: rótulos de uísque e vodca contrabandeados foram transformados em um dos produtos que mais ajudam a evitar a contaminação do novo coronavírus.
Trata-se de uma ação coordenada pelo projeto Etanóis, que reúne pesquisadores das áreas de química, farmácia, engenharia de alimentos e engenharia química da Unipampa que, desde março passado, já distribuiu exatos 4.981 litros de álcool gel e glicerinado a organizações não governamentais (ONGs) e prefeituras da região da fronteira com Uruguai e Argentina e também da Campanha gaúcha, entre os quais Candiota, onde, aliás, são produzidos ótimos vinhos – legalmente, é bom que se diga. Somente do câmpus de Bagé saíram 1240 litros de álcool glicerinado.
E já que Boteclando também é cultura, convém dizer que o processo utilizado nessa conversão de uísque e vodca em álcool glicerinado é o da destilação fracionada. Por esse método, a água e o etanol são separados por meio da evaporação. Em seguida, a condensação transforma os vapores em líquido. Na destilação, as substâncias aromáticas e de sabor da vodca e do uísque são, enfim, retiradas.
Uma boa notícia que merece ser celebrada com um bom Negroni ou uma dose de scotch.
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